terça-feira, 31 de maio de 2022

Galinha Guisada (Receita da [Condessa] de Figueiró]


 Galinha Guisada
(Receita da [Condessa] de Figueiró]
 
Corta-se a galinha aos quartos como para guisar, tempera-se de sal. Um pouco de banha ao lume e frita-se como outra coisa qualquer, até ficar corada. Para fazer o molho, põem-se uma cebola às rodas finas dentro de uma caçarola com rodas de cenoura também finas, um bocadinho de manteiga e de banha; põem-se a refogar não deixando alourar, deita-se um pouco de vinho branco e um pingo de caldo da panela, se houver aipo, coentros e salsa, não havendo só salsa muito bem picada e mistura-se ao molho mas à ultima hora.
Este molho deve estar preparado já quando a galinha se fritar para se ir fritando e pondo dentro da vasilha que tem o molho tapando bem até estar cozido.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Pães Ingleses (receita da [Condessa] Sabugosa)


 Pães Ingleses
(Receita da [Condessa] Sabugosa)
 
250 gramas de farinha
1 colher de sopa de manteiga
1 colher de chá de sal fino
1 colher de chá de Baking Powder
1 chicara de chá de leite

Amassa-se tudo muito bem e tende-se os pãesinhos. Vão ao forno nas mesmas formas dos cakes, polvilhadas de farinha.

Caderno Manuscrito de Receitas de Fidélio de Freitas Branco



E para aumentou-se a biblioteca do blog As Receitas da Avó Helena e da Avó Eduarda com um belíssimo caderno manuscrito, totalmente preenchido, e que terá sido oferecido a Fidélio de Freitas Branco, pai do compositor e antigo director do Teatro Nacional de São Carlos, Luís de Freitas Branco. 
É um caderno muito muito curioso, datado de Novembro de 1904 e com dedicatória ao "Exmo. Senhor Dr. Fidélio de Freitas Branco" e um carimbo de "Francisco Ennes Rua Vianna - Mercearia Central - 1 Rua do Loreto, 3 - Lisboa" (o mesmo que aparece na capa do caderno). 
Parte das receitas refere o nome dos "caridosos" que deram as receitas. Dos vários nomes destaco os da Condessa Sabugosa e Condessa de Ficalho.
 
De Fidélio de Freitas Branco consegui, numa pesquisa muito rápida na internet, o seguinte:
 
"Fidélio de Freitas Branco, foi um alto funcionário da Coroa e Governador Civil de Évora, que privou de perto com o Rei D. Carlos, encontrando-se na sua comitiva aquando do regicídio de 1908.

O seu pai, Fidélio de Freitas Branco, desempenhou o cargo de governador civil de Évora e, enquanto funcionário da administração monárquica, privava com o Rei D. Carlos, que acompanhou desde essa cidade alentejana até ao Terreiro do Paço a 1 de Fevereiro de 1908, pouco antes do regicídio. Aliás, a reacção do pai do compositor aos acontecimentos desse dia é-nos vividamente transmitida pela Marquesa de Rio Maior nas suas Memórias:

«Cedendo a um impulso irresistível, corri para o Arsenal. Encontrei o portão fechado, e lá dentro não se via vivalma. Pouco depois vi passar o [Fidélio de] Freitas Branco, pálido como um morto, e foi ele quem me confirmou a tristíssima notícia; que eu não podia, que eu não queria acreditar.
- “Mas o Príncipe? O Príncipe não morreu?” – repetia eu!
Freitas Branco, em silêncio abanava a cabeça.»

Mais eloquente ainda será a descrição que a Marquesa faz da angústia do próprio Luís de Freitas Branco na mesma ocasião, ignorando a sorte de seu pai no meio do tumulto gerado pelos atentados:

«A escada estava já completamente escura; quando subia às apalpadelas, senti-me de
repente agarrada com força, e uma voz chorosa suplicava-me: - “Diga-me! Diga-me! Mataram o meu pai?”
Foi-me difícil desenvencilhar-me de tão inesperada aflição, e sobretudo compreender de quem vinha. Era o filho do Freitas Branco que me falara no Arsenal e compreendia-se a apoquentação do rapaz; o pai, governador civil de Évora, tinha acompanhado El-Rei. Sossegámo-lo.»"


Assinatura de Fidélio de Freitas Branco

terça-feira, 17 de maio de 2022

Livro À Mesa Com A Marinha e uma Receita de Bacalhau de Caril à Argos

Paulo Santos: À Mesa Com A Marinha - Tradição, Requinte e Modernidade. Dezembro de 2021

Ofereceram-me no outro dia um livro muito interessante. Este À Mesa Com A Marinha: tradição, requinte e modernidade, de Paulo Santos. Trata-se de uma edição recente, de Dezembro de 2021, e conheceu apenas uma tiragem de 200 exemplares.
Dividido em oito capítulos, maravilhosamente ilustrado - menus, louças, navios, personalidades -  ao longo de 300 páginas, que nos levam pela história da mesa e do comer a bordo de navios ou nas messes da marinha. É uma história fascinante e surpreendente. A quem conseguir dar de caras com este livro, recomendo. Não o deixem ficar.
 
E, claro está, não podiam faltar muitas receitas que fizeram e fazem a história gastronómica da Marinha Portuguesa. A ilustrar, escolhi esta, ligada à lancha de fiscalização Argos:
 
Paulo Santos: À Mesa Com A Marinha - Tradição, Requinte e Modernidade. Dezembro de 2021 - págs. 282/283

 Bacalhau de Caril à Argos
 
Ingredientes:
Bacalhau (1,5 quilos)
Batatas (3,5 quilos)
Cebolas grandes (3 quilos)
Azeite (bastante)
Leite (1/2 [meio] litro +-)
Pão ralado q.b.
Caril q.b,
 
Preparação:
Cozer o bacalhau e desfiar bem.
Cortar as batatas aos quadradinhos e fritam-se até ficarem louras.
Refogar as cebolas cortadas em rodelas fininhas em bastante azeite até ficarem bem passadas.
Num prato de pirex fundo, pôr uma camada de batatas fritas (batatas fritas em quadrados pequeninos), seguida de uma camada de bacalhau, seguida de uma camada de cebola.
Regar com parte do azeite do refogado (não muito) e polvilha-se com pão ralado e caril q.b.
Repetir o processo (enquanto houver batatas, cebola e bacalhau) acabando com uma camada de batata frita, que se polvilha com pão ralado e caril.
Com uma faca, pelos lados, afastar o conteúdo do pirex e deitar leite a toda a volta.
Regar também, no fim, por cima.
Vai ao forno até ferver e enxugar o leite.
 
(2017, Artur Junqueiro Sarmento, Vice-Almirante)
 
 
Paulo Santos: À Mesa Com A Marinha - Tradição, Requinte e Modernidade. Dezembro de 2021 - págs. 282/283

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Empadão de Maçãs

Azulejos : semanario illustrado de sciencias, lettras e artes. N.º 46, 03 de Agosto de 1908, pág. 7

Empadão de Maçãs

Descascam-se as maçãs, cortam-se em quartos e cozem-se muito bem cozidas, com casca de limão e canela; depois de cozidas, esmagam-se e põem-se ao lume com manteiga, fécula e açúcar, mexendo muito bem para não deixar queimar.
Deixa-se arrefecer, durante vinte minutos a meia hora, e mistura-se gemas de ovos batidos; unta-se uma forma, guarnece-se em torno com massa de preparar [imagino que seja massa quebrada], deita-se-lhe as maçãs assim arranjadas e leva-se ao forno.

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Bolo de Odivelas

O Confeiteiro Prático Português, de Jeronyma Catharina, Bertrand: 1908

Bolo de Odivelas


Bate-se com o batedor ou com umas varas 500 gramas de açúcar areado e 18 ovos [e,] estando bem batidos, junta-se-lhe umas colheres de gila, 250 gramas de amêndoa bem pisadas, 10 gramas de canela, 300 gramas de farinha [e,] estando tudo bem ligado, deitam-se nas formas e vai sem demora para o forno.

As mais visitadas são: