Phulano DE THAL: Cozinha Francesa. Livraria Clássica Editora, Lisboa - [1931]. pág. 579
Clafoutis
(pronunciar clafuti)
Eis um doce completamente desconhecido em Portugal e que agradará a muitos dos nossos leitores, se quiserem experimentar a receita que adiante publicamos e que tem por autor Jules Claretie, o bem conhecido poligrafo, hoje falecido. É de simplicidade extrema, o que não obsta a que seja extremamente agradável. Claratie vai mais longe e não hesita em a qualificar de deliciosa.
Para fazer um clafoutis segundo as tradições da região de Limoges, seu berço natal, são necessários tês ovos, três colheres para sopa de farinha, outras tantas de açúcar em pó, uma pitada de sal e três quartos de litro de leite. Deite-se a farinha numa tigela grande, depois o sal e, um a um, acrescentem-se os ovos. Remexam-se bem com uma colher; logo que se tiver obtido uma massa homogénea e sem grumos, junte-se o leite a pouco e pouco, e depois o açúcar, remexendo sempre. Deitem-se então num prato de barro de ir ao forno um kilo de cerejas pretas. Quanto mais pretas forem, melhor. As cerejas encarnadas, a que os poetas comparam os lábios das suas Lauras e das suas Beatrizes, não prestam para o clafoutis. Dispostas que sejam no fundo do prato, vaze-se então por cima delas a mistura de farinha, ovos, leite e açúcar. Leve-se o prato ao forno para lá ficar durante vinte e cinco minutos. Ao sair do forno, polvilhe-se com açúcar abaunilhado.
Não é um prato aristocrático, mas também não é um prato plebeu. Digamos que é um prato de excelente estirpe burguesa e como tal o apreciemos.
Esta maravilhosa receita foi retirada deste livro, que um amigo teve a gentileza de mo emprestar.
Um livro a adquirir rapidamente. Tem imensa graça e excelentes receitas...
Trata-se do livro Cozinha Francesa