quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Bolo de Neve

Vida mundial ilustrada : semanário gráfico de actualidades 
Ano 4, n.º 180, 26 de Outubro de 1944

250 gramas de manteiga; 2 chávenas de açúcar; 3 chávenas de farinha de trigo: 1 chávena de leite; 3 colheres das de chá de fermento "Royal"; doce de ameixas; 4 ovos; creme de leite.
Batem-se muito bem a manteiga e o açúcar e depois juntar-se os ovos batidos, o fermento "Royal" diluído no leite e a farinha. Mistura-se tudo muito bem, põe-se num tabuleiro untado com manteiga e coze-se em forno regularmente quente.
Depois de cozido, corta-se em três pedaços iguais que se entremeiam com doce de ameixas bem grosso e creme de leite próprio para recheios.
Cobre-se com "glacé" branco e guarnece-se com morangos.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Fortunas e Felicidades

O Confeiteiro Prático Português, de Jeronyma Catharina, Bertrand: 1908

Fortunas e Felicidades

Corta-se em fatias um pão de 500 gramas, torra-se de forma que não fique queimado, corta-se em pequeninos quadradinhos, junta-se 400 gramas de açúcar em ponto de pasta, 60 gramas de manteiga de vaca, 10 gramas de canela moída e leva-se ao lume, ferve até se ver o fundo do tacho, tira-se e deixa-se esfriar e junta-se-lhe 12 gemas de ovos batidos e torna ao lume a ferver um pouco. Deixa-se esfriar e formam-se uns bolinhos redondos ou com o feitio que se queira e rolam-se por açúcar pilé. Não vão ao forno. Depois envolvem-se em bonitos papéis que devem ter uma franja feita no mesmo papel.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Bolo Pio IX

O Confeiteiro Prático Português, de Jeronyma Catharina, Bertrand: 1908. P. 81

Bolo Pio IX

Bate-se 6 gemas de ovos com tanto peso de açúcar como pesarem 4 ovos inteiros com a casca, estando tudo bem batido e quando estiver o bolo para ir para o forno junta-se-lhe 6 claras de ovos batidos até formar castelo e a farinha tanto peso como pesarem 3 ovos inteiros, unta-se bem um tabuleiro de lata, deita-se-lhe o bolo apenas se tira do forno volta-se o que estava de baixo para cima cobre-se o bolo de doce de calda seja que doce for, enrola-se ata-se uma fita de um lado, outra do outro cobre-se de açúcar pilé, não torna ao forno.


Pio IX
Papa italiano, esteve à frente da Igreja Católica entre 16 de junho de 1846 e 7 de fevereiro de 1878 (data de óbito), um período de "ferro" no mundo e principalmente na Cristandade, cada vez mais abalada pelas críticas do modernismo e pelo avanço do laicismo, a par das doutrinas e ideologias socialistas e dos movimentos sociais e políticos delas decorrentes.
Chamava-se Giovanni Maria dei conti Mastai Ferretti, nascido em Senigallia, junto a Ancona (Itália), a 13 de maio de 1792, profética data mariana face ao seu pontificado todo ele também orientado para Maria e pleno de proféticas denúncias e escritos. Foi contemporâneo de figuras como Proudhon, Marx, Engels, Comte, Nietzsche, Darwin, Mettternich, Cavour, Bismarck e Napoleão III, entre outros, o que reforça a ideia de tensão e lutas que no seu pontificado se registaram e em que Roma teve um papel ativo.
Ordenado sacerdote em abril de 1819, G. Mastai iniciou uma carreira diplomática ao serviço da Santa Sé em 1823, em países hispano-americanos. Arcebispo de Spoleto em 1827, de Imola em 1832, recebeu a púrpura cardinalícia em 1840, sendo elevado ao pontificado seis anos depois, depois de quatro escrutínios, com 36 votos dos 50 cardeais em conclave. Tinha então 54 anos.
Iniciou o seu pontificado logo com a redação de uma encíclica, Qui pluribus, em que denunciava o comunismo como contra o direito natural: curiosamente, dois anos depois, surgia o Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels. Entre 1846 e 1848 empreendeu grandes reformas nos Estados Pontifícios, principalmente em Roma, onde empreende obras públicas e alterações administrativas. Nesse ano de 1848 manifestou-se também contra a guerra à Áustria, no que se distanciou da linha da sua família, começando então as dificuldades do seu magistério pontifício, que tiveram logo como efeito o seu exílio em Gaeta até 1850.
A sua primeira grande iniciativa doutrinal ocorreu a 8 de dezembro de 1854, quando proclamou a definição do dogma da Imaculada Conceição. A partir de 1860, iniciou-se a redução progressiva dos territórios dos Estados Pontifícios, sem que Pio IX pudesse contrariar. Todavia, doutrinalmente era cada vez mais ativo e determinante, definindo conceptual e ideologicamente a figura moderna do Sumo Pontífice. Assim, em 1864, condena abertamente o liberalismo ou a "moderna civilização", como referiu na encíclica para tal lavrada, Quanta cura, à qual anexou um compêndio de erros deduzidos à ideologia liberal, o Syllabus. A doutrina da Igreja ficava assim incompatibilizada com o liberalismo e o modernismo e todas as correntes políticas derivantes. De recordar que desde 1 de julho de 1861 a Santa Sé tinha um órgão oficial de informação, que ainda hoje existe, o Osservatore Romano.
A 8 de dezembro de 1869 abria os trabalhos do Concílio Vaticano I, que apenas se concluiria em julho do ano seguinte, ano em que o papa se enclausurou voluntariamente no Vaticano, em resposta à tomada de Roma pelas tropas da Unificação de Itália. Os Estados Pontifícios ficavam a partir de então resumidos ao Vaticano, como ainda hoje. Daquele concílio registe-se um outro instrumento de afirmação do poder papal, o do magistério infalível, ou Infalibilidade. Pio IX foi ainda promotor de diversas expressões cultuais modernas, como a do sagrado Coração de Jesus (1875). Noutro domínio eclesiástico, foi também Pio IX decisivo: o da restauração e renovação das ordens religiosas, como os Jesuítas, que em 1846 eram cerca de 4500 e em 1878, ano da sua morte, mais de 11 500. Grande foi também o impulso às Missões ultramarinas e expansão da Igreja no mundo (criou 206 novas dioceses).
Concluindo, Pio IX foi pois o papa do reforço da autoridade moral e espiritual dos pontífices, agora que o seu poder temporal fora reduzido pela unificação italiana; da moralização e formação da nova imagem dos clérigos e bispos; da universalização da Igreja; do estímulo às devoções; da unidade dos católicos em torno do papa. A 3 de setembro de 2000 foi beatificado pelo papa João Paulo II.
Fonte: Infopédia

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Cozinhados Indianos e um Pudim


No outro dia, num leilão, adquiri um volume muito intrigante e invulgar. Invulgar pelas receitas, pela temática e pela falta de informação que possuo sobre ele. 

É um livro impresso intitulado Cozinhádos [no original] Indianos, assinado no prólogo por M. L. G. e M. Sem data, sem editora, sem local. A data, nem desconfio. Pode ser ainda do séc. XIX, finais, pela forma de grafia de algumas palavras, mas tenho as maiores reservas. Quanto à editora desconfio que seja "edição de autor" e o local arriscaria Índia Portuguesa, quase sem sombra de dúvida.

O prólogo pouco adianta... interessante o uso inglês de recipes em vez do termo receitas e, confusão das confusões, o tipo de medidas usadas: seira, canada, arratel, entre outras que se calhar ainda não apanhei. Irá sempre obrigar a alguma pesquisa para reconversão dos valores... ah! medidas essas que variam consoante a proveniência da receita - uma medida de (Goa) farinha de trigo - é um dos exemplos. Resumindo: deixo esse trabalho convosco e à forte vontade, ou não, de fazerem determinada receita.

O livro inicia-se logo pelo melhor, ou seja, pelos Doces. São 70 páginas dos mais variados doces, incluindo a tradicional Bebinca de Sete Folhas - três receitas diferentes - ou Bebinca de Leite. Aliás, é muito comum uma receita ter não uma mas duas, três e até quatro versões. Muitas receitas são, sem dúvida, portuguesas e não indianas, como sejam Bolo Esponja, Massapão, Manjar Branco, entre outras. As Recipes para certas iguarias, conservas ácidos, picantes e adubos, a segunda parte do livro, ocupam apenas cerca de trinta páginas. No fim, um pequeno apêndice com certos nomes e condimentos referidos neste livrinho e os seus synonimos em inglês e indiano.

Um coisa é certa: o português e a sua correcta conjugação não são um primor neste livro... poucos estudos? Escola local? Tantas e tantas interrogações que eu adoraria que fossem respondidas.

Se alguém tiver alguma informação mais sobre este livro, informe-me.

Segue aqui a primeira receita do livro... um pudim.


Pudim

Doses; Uma seira de leite; um pão tirado a côdea; um quarto d'arratel de amêndoas tosquiadas; dois copos de manteiga fresca; oito ovos, com claras e gemas; pouco pó de noz-moscada; pouco de água rosada, e açúcar quanto for suficiente para se adoçar

Processo: Ponha o leite a cozer até que fique pouco engrossado, e tirando do fogo, e frio, ponha o pão a molhar nele, e depois, amassado com ovos bem batidos, manteiga, açúcar, amêndoas, passas, pó de noz, e água rosada, ponha numa vasilha untada de manteiga e mande ao forno para se assar; ou pode também cozer no bafo de água atando numa toalha.

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Relativamente à seira, depois de muito pesquisar na internet, encontrei esta informação que vos deixo e que em muito pouco me ajudou. Consulte também o separador "Equivalências Pesos e Medidas" aqui no blog. Procure-o na barra do lado direito do ecran.





Esta informação foi retirada do livro:

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Pudimzinhos Bretões

Phulano DE THAL: Cozinha Francesa. Livraria Clássica Editora, Lisboa - [1931]. pág.615

Pudimzinhos Bretões
(Flans bretons)

Provisões: 125 gramas de açúcar em pó, quatro ovos, 200 gramas de farinha peneirada, um litro de leite, 100 gramas de passas de Alicante, uma pitada de sal, uma colher para café de água de flor de laranjeira.
Operações: Trabalhar com o batedor de arame numa terrina o açúcar e os ovos, acrescentar, remexendo sempre, a farinha e o sal. Acrescentar todo o leite a pouco e pouco e aromatizar com a água de flor de laranjeira.
Deitar esta espécie de creme, que deve ficar bem lisa e sem grumos, numa forma bem untada de manteiga e polvilhada de farinha e metê-la no forno. Logo que a superfície do creme começar a tomar cor, introduzir nele, sem porém ir até ao fundo, as passas de Alicante, a que se tiraram as grainhas. Levar novamente as formas ao forno e continuar a cozedura a calor moderado, durante mais trinta a trinta e cinco minutos. Deixar arrefecer um pouco antes de desenformar. Quando os pudimzinhos estiverem frios polvilhá-los abundantemente com açúcar abaunilhado.

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