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Livro de Anísio Franco: Lisboa Desconhecida & Insólita,
Porto Editora, 2017 |
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Club dos Makavenkos |
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Sala de refeições onde se reuniam os Makavenkos |
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Entrada para o "telúrico" espaço da Abadia |
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Palácio Foz, Restauradores, Lisboa |
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Eu a transbordar de alegria |
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Naquela chaminé faziam-se os oníricos banquetes |
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O poço [iniciático] do restaurante Abadia, sempre com água |
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Pormenores do restaurante Abadia |
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Os Makavenkos? |
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Vamos jantar? |
Finalmente, graças ao lançamento do mais recente livro de Anísio Franco: Lisboa Insólita & Desconhecida - que recomendo vivamente a sua leitura -, que ocorreu no dia 19 de Outubro de 2017 no Palácio Foz, pude conhecer a célebre Abadia, restaurante subterrâneo do sumptuoso Palácio, onde se reuniam os famosos Makavenkos. Fiquei emocionado e estarrecido. Que espaço incrível.
Informem-se junto do Palácio Foz, em Lisboa, e não percam uma das visitas guiadas mensais que ali se realizam.
"Em Abril de 1917 foi inaugurado no velho edifício do Palácio Castelo
Melhor, então propriedade dos condes de Sucena, um estabelecimento
denominado "Pastelaria Foz", propriedade da firma Leitão & Cª. O
salão de Pastelaria, que já não existe, era uma pastiche concebida ao
estilo de Luís XV e rocaille, por Viriato da Silva, e com a colaboração
do escultor José Neto. Ocupava diversas dependências do andar térreo e
também uma cave secreta, nela está guardada uma jóia da cidade de
Lisboa, o "Restaurante Abadia", lugar de reuniões da maçonaria - "Os
Makavenkos".
Reinando ainda D. Luís I, o Clube dos Makavenkos
foi fundado em 1884 por 13 sócios (rapidamente subindo de número
chegando ter mais de 100 filiados) cuja principal ocupação aparente não
passaria da comensal e boémia: o prazer da boa mesa, da “alegre
rapioqueira” e a compensação dos “pecados” com actos de benemerência.
Todos eram iguais perante a sopa, o copo e as makavenkas, e nenhum podia
namoriscar com a mesma por mais de 15 dias. Findo esse período, ela
seria declarada “praça aberta” e ele, se insistisse, levava o título de
“lamechas” e a intimidação para pôr fim ao relacionamento em 24 horas.
Nisto ficou famoso o makavenko Santos Joya, que exercia “extraordinário
poder magnético sobre as mulheres, convidando-as às dezenas para os
jantares”, e por essa razão já merecera “as honras dum festim à romana e
respectiva coroa de louros, para se lhe exaltar as suas qualidades de
macho”. Quando ele não aparecia, faltavam “damas e melhores exemplares
da raça luso-espanhola” que “abrilhantassem a encantadora festa, porque
as flores animadas são sempre bem cabidas e apreciadas”. Foi o próprio
Francisco Grandella quem fundou o clube, e o seu presidente honorário,
depois de 1898, foi Ferreira do Amaral, e após a sua morte o cargo foi
ocupado pelo dr. Azevedo Neves. Em Lisboa, “quando começaram (os
makavenkos) iniciaram as suas reuniões em Santa Isabel, no palacete do
Conde das Antas, no quintal onde se achavam vários animais, denominado
Parque Zoológico, (…) que às sextas-feiras jantavam no dito parque”.
Todavia, os makavenkos não deixaram de saltitar por outras casas e
restaurantes, até que Francisco Grandella comprou o terreno do velho
Teatro Condes e mandou reconstruir este em 1888, reservando a cave para
implantar a sede makavenkal (que a partir de 1916 seria partilhada com a
Abadia, do outro lado da avenida). Apesar de levemente ligada à
dramaturgia, não obstante a cave do Condes vulgarmente enchia-se de
autores, actores e actrizes para jantares, festas e banquetes, tendo
passado por ele uma boa parte da alta sociedade e da intelectualidade
masculina da Lisboa de então, sobretudo nobres com títulos de fancaria
comprados a outros titulares arruinados.
Imaginemos o secretismo
de entrar neste local de culto original de 1917, quem entra dá de caras
com um velho poço onde ainda corre agua, de uma das imensas nascentes
lisboetas, este fica localizado num espaço que copia um antigo claustro
conventual, de influência manuelina. A restante decoração é feita com
dragões, cachos de uvas, pombas, elefantes e muitos outros símbolos com
segundos sentidos, entre os quais os bustos de 24 maçons que utilizavam
este espaço.a cave, onde ficou instalado um restaurante anexo, a
"Abadia". Trata-se de um exemplar demonstrativo da interpretação que os
arquitectos e decoradores portugueses então faziam do gosto "belle
époque", em que o "revivalismo" de sabor medieval europeu, aparece
metamorfoseado na atracção por um manuelino sobrecarregado de formas e
repassado de elementos simbolistas.
A Abadia está dividida em
três partes - o CLAUSTRUM (com a sua "taberna vínica", conforme se pode
ler num dístico em ferro forjado), o REFECTORIUM (inspirado nos
claustros do românico cisterciense peninsular) e as "CELAS", pequenas
dependências de carácter reservado suspensas sobre o "Claustrum"." - Texto página de Facebook do Palácio Foz.