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Emanuel Ribeiro: O Doce nunca amargou: Doçaria Portuguesa. História. Decoração. Receituário. Coimbra, Imprensa da Universidade. 1928 |
Uma aquisição há muito esperada, finalmente concretizada, foi a deste grande clássico O Doce nunca amargou: Doçaria Portuguesa. História. Decoração. Receituário, do ilustre Emanuel Ribeiro, homem dos sete ofícios... ora contem: poeta, etnógrafo, arqueológo, professor, crítico de arte, historiador e coleccionador.
Esta obra, inicialmente publicada em 1923, conheceu depois esta edição de 1828 da Universidade de Coimbra, revista e aumentada, e, bem mais tarde, em 1997, uma outra publicação pela mão da Colares Editora e de Maria Proença.
É um dos estudos clássicos sobre gastronomia, nomeadamente doçaria e papéis recortados que embelezavam as caixas e os tabuleiros onde se guardavam os mesmos. Mas também vocabulário e métodos de fabrico, histórias e extrapolações.
O primeiro capítulo podemos resumi-lo usando das palavras de Maria Proença na edição de 1997:
A obra contém um primeiro capítulo sobre a história e a decoração da doçaria em Portugal. Aqui os dados vão sendo relatados, alheios a qualquer critério metodológico ou sistemático, mas antes ao sabor de notas e lembranças que expressivamente se registam. As descrições recorrem tanto à história como à literatura, à etnografia como à arte. Banquetes régios e procissões, feiras e romarias, a festa e a morte, o frade e o fidalgo, as freiras e as vendedoras de doces, todos são intérpretes e cenário de um belo e por vezes incrível espectáculo que revela as histórias, os hábitos, os prazeres e os recursos de um País. (...)
Este capítulo contém quase uma centena de gravuras maioritariamente ilustrativas dos papéis recortados usados para adorno de doces e que Emanuel Ribeiro profusamente coleccionou, considera-os como "uma das nossas mais belas manifestações de arte popular."
Segue-se depois um magnifico glossário e, nos restantes capítulos, receituário de alguns doces regionais, conventuais ou outros e que correspondem a uma recolha do autor. (...)
Em primeiro lugar, vemos que a doçaria regional utiliza, não exclusiva, mas maioritariamente, produtos provenientes duma produção local ou geralmente mais económicos. A doçaria conventual é mais rica, recorrendo a produtos mais dispendiosos ou de uso menos frequente, mas, sobretudo, usando-os em quantidades muito mais significativas, pegando novamente em Maria Proença.
É um livro que irei voltar mais e mais vezes, seguramente. Espero que gostem dele tanto quanto eu.