sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Menú para o Dia de Reis, proposto por Alda de Azevedo em Cozinheira Ideal

Alda de Azevedo, Cozinheira Ideal, Livraria e Editora Civilização, 3ª Edição, 1943, 
pág. 38 (Menú de 06 de Janeiro)
 
ALMOÇO
 
Pastéis de Ameijoa em Massa Tenra
 
Cozem-se as ameijoas, escorrem-se e tiram-se da casca. Pisam-se, num almofariz, duas terças partes das ameijoas, com uma boa porção de manteiga, e passam-se por peneiro fino.
Junta-se metade do seu volume de gemas cozidas, também passadas por peneiro, o resto das ameijoas inteiras, pimenta e um pouco de sumo de limão.
Com este recheio se enchem bocadinhos de massa tenra (ver receita) bem estendida, cortam-se os pastéis e fritam-se em azeite fervente, em vasilha funda, de modo a ficarem completamente cobertos pelo azeite.
 
Bifes de Cebolada
 
Cortam-se bifes altos e pequenos, batem-se, temperam-se com sal, pimenta, um decilitro de vinho branco e alho esmagado, deixando-se neste tempero, por espaço de duas horas.
Numa caçarola, deita-se um bom pedaço de manteiga, rodas de cebola, os bifes e um ramo de salsa. Tapa-se, deixa-se cozer e apurar bem. Serve-se com puré de batata.
              Puré de Batata - Coze-se, a vapor de água, um quilo de batatas, descascadas, e deitam-se-lhe em cima 20 gramas de sal refinado.
       Estando cozidas, passam-se por peneiro fino, juntam-se-lhe 60 grs. de manteiga bem fresca, dois decilitros de leite e pimenta. Mexe-se fortemente, com vara metálica, até ficar fofo e homogéneo, e serve-se bem quente. 
 
JANTAR
 
 Sopa de Carne

Põem-se ao lume, com água e sal, 500 grs. de carne, um quilo de ossos, uma cebola e deixa-se ferver.
Escuma-se, passa-se o caldo por um passador, volta novamente ao lume e deita-se-lhe bocadinhos de batatas, cenouras e nabos, aos quartos.
Deixa-se ferver bem e serve-se.

Lulas de Caldeirada

Amanham-se as lulas, rompendo a cartilagem, arrancando toda a parte óssea, lavando e tirando a pele rósea, para que as lulas fiquem muito brancas.
Faz-se um refogado de azeite, cebola picadinha, salsa e tomate aos bocados. Depois de bem apurado, passa-se o refogado pelo passador e, neste molho, que deve ficar um pouco espesso, deitam-se-lhe as lulas cortadas, pimenta, e deixa-se cozer e apurar, conservando a caçarola sempre tapada.
Não se deve deitar água.

Macarrão à Italiana, Gratinado

Cozem-se 250 grs. de macarrão em água quase a ferver e sal, de modo a não ficar o macarrão a desfazer-se. Deve ficar inteiro.
Escorre-se da água onde se cozeu, liga-se com molho bechamel, um pouco espesso, deixa-se estar assim, durante uns minutos, tempera-se com pimenta e, na ocasião de servir, deita-se 100 grs. de queijo gruyère, ralado, ou 60 grs. de queijo parmesão.
Põe-se num prato de ir ao forno, com uma camada de queijo e de pão ralados, deixando-se gratinar em forno quente.
 
Bolo da Frigideira
 
 Um copo de farinha, um ovo inteiro, uma ou duas colheres de aguardente ou rum, uma pitada de sal, tudo muito bem misturado.
Deita-se a mistura na frigideira bem quente, com um bom pedaço de manteiga derretida. Deixa-se cozer dos dois lados, até ficar um creme espesso e um pouco húmido na parte interna, e serve-se.
 
O BLOG DAS RECEITAS DA AVÓ HELENA E DA AVÓ EDUARDA DESEJA A TODOS OS AMIGOS, LEITORES E ACOMPANHANTES DESTA AVENTURA, UM DIA DE REIS MUITO FELIZ.
 
 Adoração dos Magos, por Vasco Fernandes (Grão Vasco)
Museu Nacional de Grão Vasco - Viseu
 
Painel do antigo retábulo da capela-mor da Sé de Viseu (1501-1506). À representação tradicional do tema da Adoração dos Reis Magos, acresce neste painel a presença de um índio brasileiro na figura do rei mago negro, Baltazar. Trata-se, com efeito, da primeira representação do índio na arte ocidental, decorrido que era um ou dois anos do "achamento" do Brasil. Situado no centro da composição, Baltazar ostenta um traje onde se misturam influências europeias tradicionais - a camisa e os calções - com a novidade exótica de um toucado de penas, bem como inúmeros colares de contas coloridas, grossas manilhas de ouro nos pulsos e tornozelos, brincos de coral branco, remate de penas idênticas às do toucado, no decote e na franja do corpete, e uma flecha tupinambá com o seu longo cabo. Segura igualmente uma taça feita de nós de coco montada em prata, o que reforça ainda o seu carácter exótico. A sua inserção num contexto religioso tão importante como é o da Adoração dos Reis Magos pressupõe, fundamentalmente, a ideia da cristianização do continente recém-descoberto, de acordo com as sugestões da carta de Pêro Vaz de Caminha, onde se relata o primitivismo social dos seus habitantes e a sua disponibilidade ética para a mensagem cristã. Saliente-se, ainda, o facto de o Menino segurar na mão esquerda uma moeda de ouro, numa sugestão ao secular desejo de riqueza associada aos Descobrimentos Portugueses. Integrado na segunda fiada do retábulo, este painel denuncia um investimento no realismo minucioso dos pormenores bem ao modo flamengo. Veja-se a textura do brocado ricamente adornado do Rei Mago de joelhos, em primeiro plano, o brilho dos metais, o rigor descritivo da cabana, onde figuram, para além dos animais tradicionais, um vaso de barro e uma vela acesa, ou o tratamento da paisagem arquitectónica do fundo.
Fonte: MatrizNet 

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