Sasha Lima: As Sete Chávenas de Chá: Reflexões sobre o consumo do chá e a evolução das chávenas. Lisboa: Livro de Bordo. 2024 |
Sasha Lima veio, com este "As Sete Chávenas de Chá: Reflexões sobre o consumo do chá e a evolução das chávenas", colmatar uma falha que existia na bibliografia existente em português sobre a incrível história do chá.
De uma forma sucinta e clara, e tendo como ponto de partida o célebre poema de Lú Tóng, somos levados pela introdução do chá na europa e as "diferenças de atitude do consumo de chá na China e na Europa" e como a Inglaterra, sobretudo, transformou os hábitos e redimensionou as chávenas onde o revigoroso líquido era consumido.
Muito interessante é o capítulo "Chocolate, café e chá e a conquista do espaço público" e "do espaço privado": "através de uma expansão social contínua, o hábito de tomar chá, que inicialmente fazia parte da mesma esfera pública e do ambiente das normas do serviço adaptado às cafetarias maioritariamente ocupadas por homens, subsequentemente, irá alargar-se à esfera doméstica e aos rituais da prática feminina."
Todas estas transformações são acompanhadas pela evolução na confecções das chávenas e pires: "As chávenas convencionalmente usadas, atualmente, na Inglaterra e na Europa contêm uma medida de 148 ml. (5 onças) de líquido com asas e acompanhadas de um pires a condizer. Porém na China, na Coreia ou no Japão as chávenas não vão além de 59 a 118 ml. (2 a 4 onças) de chá e em Taiwan as chávenas liliputianas que mais parecem dedais nem chegam a conter 30 ml. A capacidade das chávenas no Oriente segue o costume do chá ser servido em pequenas quantidades, repetindo as infusões com a evolução do gosto na preparação das folhas, o que permite estender o prazer na experiência da degustação. Também impede o arrefecimento da bebida que ocorre em chávenas com maior volume, oferecendo, em justa medida as nuances mais marcantes ou subtis de sabores comuns nessa evolução de múltiplas infusões."
Já estão presos à história, não estão?! Há mais, muito mais, neste pequeno grande livro. Não percam.
Parabéns Sasha!
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