O seu pai, Fidélio de Freitas Branco, desempenhou o cargo de governador civil de Évora e, enquanto funcionário da administração monárquica, privava com o Rei D. Carlos, que acompanhou desde essa cidade alentejana até ao Terreiro do Paço a 1 de Fevereiro de 1908, pouco antes do regicídio. Aliás, a reacção do pai do compositor aos acontecimentos desse dia é-nos vividamente transmitida pela Marquesa de Rio Maior nas suas Memórias:
«Cedendo a um impulso irresistível, corri para o Arsenal. Encontrei o portão fechado,
e lá dentro não se via vivalma. Pouco depois vi passar o [Fidélio de] Freitas
Branco, pálido como um morto, e foi ele quem me confirmou a tristíssima
notícia; que eu não podia, que eu não queria acreditar.
- “Mas o Príncipe? O Príncipe não morreu?” – repetia eu!
Freitas Branco, em silêncio abanava a cabeça.»
Mais eloquente ainda será a descrição que a Marquesa faz da angústia do próprio
Luís de Freitas Branco na mesma ocasião, ignorando a sorte de seu pai no meio
do tumulto gerado pelos atentados:
«A escada estava já completamente escura; quando subia às
apalpadelas, senti-me de
repente agarrada com força, e uma voz chorosa suplicava-me: - “Diga-me!
Diga-me! Mataram o meu pai?”
Foi-me difícil desenvencilhar-me de tão inesperada aflição, e sobretudo
compreender de quem vinha. Era o filho do Freitas Branco que me falara no
Arsenal e compreendia-se a apoquentação do rapaz; o pai, governador civil de
Évora, tinha acompanhado El-Rei. Sossegámo-lo.»"
Sem comentários:
Enviar um comentário