A exposição Josefa de Óbidos e a Invenção do Barroco Português, patente no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, é merecedora de uma visita demorada e atenta.
O meu gosto por Josefa de Óbidos é limitado. Restringe-se sobretudo, e talvez pelo meu interesse pela culinária - em especial pela doçaria - aos quadros de natureza morta onde a "mesa" é o tema central. A forma como nos apresenta a doçaria conventual, os queijos, certas frutas e flores, as faianças e os barros, e certos utensílios do quotidiano em redor da mesa são excepcionais. Para mim, e esta observação vale o que vale, o interesse de Josefa de Óbidos não está no quadro como um todo mas nos pormenores, nos pequenos pormenores que, salvo raríssimas excepções, se encontram em todas as suas pinturas. A pintura de Josefa de Óbidos (e de outros que compõem a exposição: Zurbarán, Baltazar Gomes Figueira - Pai de Josefa -, entre outros) requerem tempo, atenção e contemplação. São riquíssimos de informação, que nem sempre é perceptível num olhar rápido.
No entanto, a pintura de Josefa vai muito para além da doçaria. Representações da Virgem, do Menino Jesus, de Santa Teresa, um extraordinário Cristo flagelado, de costas ensanguentadas e muito mais pode ser admirado nesta exposição. As temáticas, os materiais e os interesses são variados. Uma certeza, porém, une todas estas obras: a Beleza.
Vá ver por si mesmo... não se fique por estas pequenas e fracas imagens - que não são todas de obras de Josefa de Óbidos - que pouco ou nada transmitem a verdadeira dimensão da obra exposta.
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