Encontra-se já digitalizada toda a revista Bem Viver, Boa Mesa:
(clique nas respectivas páginas)
- Capa, Publicidade Inicial e Sumário
- Páginas 2 a 9
- Páginas 10 a 17
- Páginas 18 a 25
- Páginas 26 a 33
- Páginas 34 a 41
- Páginas 42 a 49
- Páginas 50 a 58 (contra-capa)
- Sumário Condensado
Nada como começar 2016 com uma belíssima novidade de 1953. O nº 2 da revista Bem Viver, dedicado à Boa Mesa.
A Bem Viver foi uma revista mensal fundada e dirigida por Fernanda de Castro entre 1953 e 1954.
Para além de Fernanda de Castro,
colaboraram nesta publicação, da qual saíram 10 números, António Ferro
(marido da escritora), António Quadros (filho), Natércia Freire, Delfim
Santos, Matos Sequeira, Ramalho Ortigão, Maria da Graça Azambuja,
Azinhal Abelho, Abel Viana, Antero de Figueiredo, Cecília Meireles,
Ofélia Marques, António d'Eça de Queirós, Álvaro Ribeiro, Esther de
Lemos, Júlio Dantas, Orlando Vitorino, António Manuel Couto Viana, entre
outros.
Números publicados:
N.º 1 - A Casa
N.º 2 - Boa Mesa
N.º 3 - A Criança
N.º 4 - A Moda
N.º 5 - É assim a nossa gente
N.º 6 - Enfeites
N.º 7 - Recreio
N.º 8 - Vida do Espírito
N.º 9 - Beleza e Higiene
N.º 10 - Jardins e Janelas Floridas
Números que não chegaram a sair:
N.º 11 - Mobiliário
N.º 12 - Arte de Bem Viver
Na casa dos meus Avós fui descobrir exactamente os oito primeiros números desta revista e fiquei logo empolgado quando me deparei com este Nº 2. "Tem de ir já para o blog", pensei.
Assim sendo, e sempre no espírito de partilha que caracteriza este espaço e por amizade com os meus amigos leitores, irei publicar, pouco a pouco, toda a revista dedicada à Boa Mesa digitalizada, por ordem das páginas. A revista merece e homenageia-se, deste modo, a figura extraordinária de Fernanda de Castro.
Fernanda de Castro
Espero que gostem e que fiquem tão deslumbrados como eu fiquei.
Um 2016 cheio de luz e paz para todos, com serenidade e felicidade em todos os dias do ano.
E porque não Poesia?
Não Fora o Mar!
Não fora o mar,e eu seria feliz na minha rua,
neste primeiro andar da minha casa
a ver, de dia, o sol, de noite a lua,
calada, quieta, sem um golpe de asa.
Não fora o mar,
e seriam contados os meus passos,
tantos para viver, para morrer,
tantos os movimentos dos meus braços,
pequena angústia, pequeno prazer.
Não fora o mar,
e os seus sonhos seriam sem violência
como irisadas bolas de sabão,
efémero cristal, branca aparência,
e o resto — pingos de água em minha mão.
Não fora o mar,
e este cruel desejo de aventura
seria vaga música ao sol pôr
nem sequer brasa viva, queimadura,
pouco mais que o perfume duma flor.
Não fora o mar
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusão, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.
Não fora o mar
e, resignada, em vez de olhar os astros
tudo o que é alto, inacessível, fundo,
cimos, castelos, torres, nuvens, mastros,
iria de olhos baixos pelo mundo.
Não fora o mar
e o meu canto seria flor e mel,
asa de borboleta, rouxinol,
e não rude halali, garra cruel,
Águia Real que desafia o sol.
Não fora o mar
e este potro selvagem, sem arção,
crinas ao vento, com arreio,
meu altivo, indomável coração,
Não fora o mar
e comeria à mão,
não fora o mar
e aceitaria o freio.
Fernanda de Castro, in "Trinta e Nove Poemas"
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