Marisa Araújo e Evandro Martin. Património: Um livro de receitas com vida(s) dentro. Arouca: ADRIMAG. 2023 |
Obrigado, Celeste. Por tudo o que ajudou e ajuda.
As Receitas da Avó Helena e da Avó Eduarda começou por ser um repositório de receitas de família, herança das minhas Avós Helena e Eduarda. Num ápice, foi sendo aumentado o espólio documental do blog através da incorporação de outros cadernos de receitas ou livros (por doação/oferta ou compra em leilão/alfarrabista) e a pesquisa e recolha de material em livros, jornais ou revistas. Acima de tudo, este é um espaço de partilha, de carinho, de memória e de saudade. Um espaço de História.
Marisa Araújo e Evandro Martin. Património: Um livro de receitas com vida(s) dentro. Arouca: ADRIMAG. 2023 |
Sasha Lima: As Sete Chávenas de Chá: Reflexões sobre o consumo do chá e a evolução das chávenas. Lisboa: Livro de Bordo. 2024 |
Guida Cândido - São Favas Contadas: dos vegetais ao vegetarianismo. Lisboa: Publicações D. Quixote. 2024 |
O modo como se olhava os vegetais e se praticava o vegetarianismo ao longo das diversas épocas históricas merecem um olhar atento e ocupa a primeira parte do livro.
"O que se pretende contar no presente livro é a evolução do consumo de vegetais no contexto histórico da alimentação, passando da mera subsistência à celebração das múltiplas variedades vegetais e da criatividade culinária que elas motivam, desde o século XVI até ao incluo do século XX, através de 11 livros, com 30 espécies de plantas traduzidas em 50 receitas."
Segue-se a apresentação e contexto dos diversos livros de cozinha utilizados e referenciados, desde o Arte de Cozinha ou Methodo de Fazer Guisados, do séc. XVI até ao Culinária Vegetariana, Vegetalina e Menus Frugívoros, de Julieta Ribeiro (1916).
E entramos finalmente nos diversos legumes (raízes, herbáceos e frutos) a cozinhar, sempre acompanhados por uma "biografia" histórica e as receitas escolhidas para cada um deles.
E porque os olhos também comem, e como é sempre apanágio de todos os livros de Guida Cândido, as fotografias que vão acompanhando o livro são de uma beleza estética e compositiva raras, e nascem do próprio olhar e 'click' da autora. Arte global.
A linguagem é directa e simples, acessível a todos os entendimentos, com uma escrita entusiasmante e envolvente, que não nos deixa parar de ler. E conseguir isso não é fácil... como diria Amália Rodrigues: "- Ser simples é complicado."
Não percam esta edição... até eu fiquei com vontade de comer cogumelos, tão bonitos que eles lá estão!!!
Muitos parabéns, Guida. E longa vida à obra.
Sophia Loren: Na cozinha com amor. Rio de Janeiro. Edições Bloch. 1971 |
Sophia Loren: Na cozinha com amor. Rio de Janeiro. Edições Bloch. 1971 |
Maria Olímpia Areal: O meu livro de doces (ao alcance de todos). Edições ASA. Porto: 1953 |
Maria Olímpia Areal: O meu livro de doces (ao alcance de todos). Edições ASA. Porto: 1953. p. 125 |
Neste Dia Mundial do Pão, aqui fica a Oração ao Pão, de Guerra Junqueiro, escrito em 1893.
João da Matta, Arte de Cosinha. Livaria Editora de Mattos Moreira & Compª, Lisboa: 1876. p. 213 |
Madame Annette Lisard: Manual Prático da Cozinheira. s/d [1900?], Lisboa - Livraria Popular Francisco Franco. p. 60 |
Madame Annette Lisard: Manual Prático da Cozinheira. s/d [1900?], Lisboa - Livraria Popular Francisco Franco. pp. 43 - 52 |
Carta dos Segredos Gastronómicos. Textos Olga Cavaleiro. Edição ADDLAP. 2024 |
Na bacia onde se aparava o sangue levava uma cruz em sal, louro e alho. E dizia-se "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém" para o Sarrabulho coalhar. Era cozido numa panela em ferro com água, sal, louro e alho.
Este livro é o melhor e o mais belo roteiro ao sentir da vivência de uma região, emocionando a cada página, a cada fotografia, a cada momento de vida que alguém, justamente mencionado, tirou das suas memórias, do seu coração, dos seus ausentes, para nos oferecer, para nos fazer reflectir de como é cheia de nobreza, daquela que importa, que vem de dentro, não a dos brasões e das cartas de pergaminho, a vida de tantos antes de nós, das serras e dos mares, do granito frio ou das planícies abafadas, das águas sulfúricas ou das nascentes cristalinas.
No Entrudo era a carne, nós tínhamos as chouriças em função da idade de cada filho. No dia de Carnaval, cada um tinha a sua chouricinha. Cada um tinha que ir, ou com as vacas, ou com as ovelhas e, depois, tínhamos cada um a sua chouricinha para comer naquele dia. Levávamos a chouricinha, queijo seco e pão. Comíamos, cantávamos e bailávamos até cansar! A noite e ao meio-dia era feijão cozido com carne e hortaliça! E um arroz de coelho que se matava para aquele dia. No dia seguinte é que não se comia carne. A minha mãe vendia sardinha, era o Sr Poças que a trazia E eu é que deitava o foguete para avisar que já havia sardinha para vender. Havia uma época em que se salgava a sardinha para depois para o Inverno.
M. M. Viegas - Varzielas, Oliveira de Frades
Este livro é um autêntico diário de uma grande região, repleta de vidas que se orientavam e ritmavam por outros cardinais e por outros tempos. Quanto a mim, inunda-me uma certa nostalgia de algo que não vivi, uma saudade de coisas que nunca cheirei nem saboreei, uma mágoa por dores e sofrimentos que nunca me infligiram ou experimentei, um sorriso por festas, namoros e canções que não assisti, não tive e não lhe sei a letra. E há também o português? Tão especial, por vezes digno de Aquilo, com termos que já não são de hoje ou caíram em desuso. Isso explica um muito útil glossário nas últimas páginas do livro.
A cada final de capítulo, um Obrigado a todos quantos ajudaram a construir esta obra testemunhal.
(Numa segunda edição espero que corrijam aquela questão gráfica onde muitas das letras "d" estão impressas como sendo um ponto negro)
E para adoçar:
Carta dos Segredos Gastronómicos. Textos Olga Cavaleiro. Edição ADDLAP. 2024. p. 301 |
Annona, ou Mixto-Curioso. Folheto semanal que ensina o método de cozinha e copa, com um artigo de recreação. 1836. Tomo I, n. 6. |
Almanaque Ilustrado do Brasil Portugal 1901 |
Algumas deliciosas receitas dos mais afamados bolos. Lisbonense Vitória, Lda. Lisboa: 1945. Pág. 12 |
Algumas deliciosas receitas dos mais afamados bolos. Lisbonense Vitória, Lda. Lisboa: 1945 |
Casa Viva, ano v, nº 45: Maio de 1978 |
Casa Viva, ano V, nº 48: Agosto de 1978 |