sábado, 26 de junho de 2021

Obrigado Xisto ° Restaurante Louçainha






Acho que é a primeira vez que venho falar-vos, aqui no blog, de um restaurante. Não o faço por publicidade, não o faço porque ganho alguma coisa isso... aliás, minto!!! Faço-o porque ganhei imenso em ter lá ido. Ganhei uma disposição, uma alegria, um quase renascer de uma certa apatia que andava, devido às quarentenas várias, sobretudo no que respeitava à gastronomia. E foi num ambiente natural incrível, num espaço que evidentemente não fere esse meio ambiente - aliás, insere-se nele completamente - que tudo isso me aconteceu. 


Xisto ° Restaurante Louçainha, do cozinheiro João d'Eça Lima, é um espaço de serenidade, onde o que há é apenas aquilo que (nos) faz falta, despojado do acessório (seja na decoração, na carta, no atentamento, nos salamaleques). O que há é uma imensa simpatia, natural, de quem nos recebe naquele espaço virado à praia fluvial. O que há são as excelentes sugestões do dia de João d'Eça Lima, que as confecciona ao momento para nosso maior deleite. O que há é a riqueza dos nossos produtos regionais, dos nossos nossos, nacionais, do pequeno produtor. O que há é a escolha  de ingredientes frescos (há que não comia uma polvo que sabia a polvo e a mar). O que há são os pequeno mimos dados pelo João aos seus visitantes. O que há é um bem-estar e um conforto. Chegou a comover-me.


O couvert é riquíssimo, onde saliento os queijos, a manteiga de cabra feita na casa e o mel de uvas que é excepcional. As pêras passas e os figos em calda foram uma viagem no tempo. E o pão, sempre o pão. 
Depois veio um polvo ensalsado, excepcional de sabor. Assim é a que sabe o polvo... só me lembrei dos pescados pelo meu Pai em Sesimbra. 


Depois um Javali que se desfazia numa casa de migas de batata.


Por último, para adocicar e permitir mais um copo de um fresco Rosé, uns ovos queimados com nozes que podiam ter sido a cereja no topo do bolo, não fosse a oferta final de umas doces e carnudas cerejas por parte do restaurante. 


Não consigo transmitir, na verdade, este almoço em que estive sozinho sem nunca o ter sentido. 


No fim, foi a oportunidade de agradecer a toda a equipa e dar um abraço sentido de parabéns a João d'Eça Lima.


Não deixem de lá  ir. Façam turismo gastronómico. A viagem até lá é linda.


Mais informações: https://g.page/restaurantexisto?share
E aqui: http://restaurantexisto.thefork.rest/


Reservem sempre mesa!!! É melhor.


PostScriptum: sou péssimo como foodstylish!

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Melindres

Annona, ou mixto-curioso que ensina o methodo de cosinha e copa, Tomo I, nº 3. Typ. Viúva Silva e Filhos, Lisboa: 1836. p. 57

Melindres

Em um arratel (459 gramas) de açúcar se deitam vinte ovos, porém só três claras; e depois de bem batidos, ajunta-se-lhe canela, e um arratel (459 gramas) de farinha, e continua a operação do bate bate, para finda ela, irem dentro de latas, a cozer ao forno.

Este doce é melindroso,
Mãos de fêmea lhe não bula!!!
Pode perder a virtude
Fazendo-as pecar na gula. 

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Pargo Assado ao Vaticano

Doces e Cosinhados, de Isalita, Centro Tipográfico Colonial, 1925

 Pargo Assado ao Vaticano


Depois de limpo e temperado de sal, põe-se um pargo numa assadeira funda, que se possa tapar. Faz-se um molho da seguinte forma: põem-se numa caçarola duas colheres de manteiga e uma de banha, e deitam-se dentro bocados de carne e presunto. Deixa-se tomar bem uma cor escura, junta-se-lhe cebola às rodas, 1 tomate, salsa, uma cenoura e pimenta, sal e um pouco de vinho branco. Coze-se isto a lume brando para apurar bem e junta-se-lhe de vez em quando uma pouca de água. Estando este molho pronto, passa-se no passador e deita-se sobre o pargo com presunto cortado aos bocadinhos. Tapa-se a assadeira e mete-se o peixe a cozer no forno. Quer forno brando para cozer sem secar. É melhor, em vez de uma assadeira, ser feito em prato de ir ao forno, para se servir no mesmo prato.

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Coisas que eu sei: saberes, sabores, segredos e receitas, de Maria de Lourdes Modesto


Acaba de ser lançado o mais recente livro de Maria de Lourdes Modesto, figura maior há mais de 50 anos - hoje com uns bonitos 90 anos de idade - da história da gastronomia portuguesa. Maria de Lourdes Modesto é uma referência e, graças ao seu trabalho hercúleo de recolha, registo, estudo, fixação e divulgação dos segredos, tradições e costumes da cozinha portuguesa, salvou do esquecimento um património riquíssimo e que a todos nos deve orgulhar. Maria de Lourdes Modesto é uma estudiosa, académica, apaixonada pela descoberta dos "saberes, sabores, segredos e receitas" que, de Norte a Sul, sem esquecer as ilhas, fazem de Portugal um paraíso gastronómico ímpar.

Ao longo destas crónicas, algumas são adaptações das escritas para o jornal Diário de Notícias, vamos sendo levados a descobrir histórias e patrimónios únicos ligados a produtos, pratos, festividades, pessoas e espaços, pontuadas por deliciosas receitas transmitidas com a simplicidade e facilidade a que estamos acostumados. 

Coisas que eu sei é, acima de tudo, um acto de generosidade como sempre nos habituou Maria de Lourdes Modesto. Adquirir e ler este livro é também um acto de agradecimento pessoal pela vida que dedicou à cozinha portuguesa, o que equivale a dizer, grosso modo, que é uma vida dedicada a todos nós. 

Coisas que eu sei: saberes, sabores, segredos e receitas, tem a chancela da Oficina do Livro, com primeira edição em Maio de 2021, ilustrações por João Pedro Cochofel e, claro está, textos de Maria de Lourdes Modesto. 


Óptima leitura de Verão. Não percam. 

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Delícias de Parmezan

Doces e Cosinhados, de Isalita, Centro Tipográfico Colonial, 1925, pág. 81

Delícias de Parmezan

Faz-se um creme com 60 gr. de manteiga 60 gr. de farinha que se leva ao lume numa caçarola a aloirar, juntando-se-lhe meio litro de leite. Tempera-se muito bem com sal e pimenta, deixa-se levantar fervura e vai ao forno a cozer 25 minutos na caçarola sem tampa. Tira-se a pele que se formou sobre este creme, muda-se de caçarola e junta-se 5 gemas de ovos e 100 gr. de queijo Parmezan ralado. Deita-se esta massa nas costas de um tabuleiro untado com manteiga, untando-se também a parte de cima da massa. Deixa-se arrefecer e volta-se sobre uma tábua polvilhada com farinha. Com uma forma redonda cortam-se uns redondos com 3 centímetros de diâmetro; passam-se por ovo batido, pão ralado e fregem-se em banha muito quente. Servem-se sobre um guardanapo com salsa fria.

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