domingo, 31 de julho de 2016

Águas para de Verão e para sorvetes

Almanach dos Bons Pitéos para o ano de 1875, de D. Guiomar de Lima.
Tipografia Universal: Lisboa, 1874 - pág. 32 
Águas para de Verão 
e para sorvetes
Em cada três quartilhos de água deite-se um arratel de fruta que esteja bem madura, como são ginjas, morangos, amoras, ou outra qualquer; amasse-se com uma colher e desfaça-se muito bem em água; coe-se depois por um guardanapo e tempere-se de açúcar; coe-se outra vez por uma manga; ponha-se ao fresco, e pode-se usar desta água quando for ocasião.
Se for para sorvetes, deite-se-lhe mais açúcar, meta-se em sorveteiras de folha de Flandres, rodeie-se de neve e sal; em principiando a gelar, despegue-se o que estiver pegado de roda com uma colher, cubra-se a sorveteira com a sua tampa, e mexendo-se sempre com ela até estar igualmente gelada, encham-se copos com ela no momento em que se quiser beber e sirva-se sem demora.
Meigo doce, aqui dou meu fim,
Chorai, gulosos, que gostais de mim!


Dicionário:
- Do Do Comer e do Falar... Tudo Vai do Começar, de Ana Marques Pereira e Maria da Graça Pericão:
Quartilho: Antiga medida de líquidos (vinho, leite, etc.) que corresponde à quarta parte da canada; presentemente corresponde a meio litro.
Arratel: Antiga medida de peso correspondente a 459 gramas. Equivalia a 16 onças ou a uma libra.
Manga: [entre outras coisas], Filtro afunilado para líquidos.
 

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Os Petiscos de Lisboa e o Carnaval, por Eduardo Fernandes (Esculápio) - Parte IV

021Olisipo_N17_Jan1942

022Olisipo_N17_Jan1942

023Olisipo_N17_Jan1942

024Olisipo_N17_Jan1942

025Olisipo_N17_Jan1942

026Olisipo_N17_Jan1942

027Olisipo_N17_Jan1942

Parte I - AQUI
Parte II - AQUI
Parte III - AQUI
Parte IV - AQUI
Parte V - AQUI 

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Vencedores (homenagem à equipa portuguesa vencedora do UEFA EURO 2016)

O Cozinheiro Prático - Interessante guia de culinária ao alcance de toda a gente,
de Mariazinha, c. 1952, Editorial Minerva, Lisboa, pág. 155


Vencedores

Numa tigela batem-se oito gemas de ovos com meio quilo de açúcar, noutra batem-se as oito claras, em castelo. Junta-se o conteúdo das duas tigelas com 250 gramas de farinha de trigo flor e mexe-se tudo muito bem. Quando a massa estiver homogénea enchem-se com ela formas pequenas de queques e levam-se ao forno a cozer.

  Homenagem aos vencedores do Euro 2016: PORTUGAL

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Apresentação do Chocolate e Como Preparar o Chocolate (Bebida)



Carlos Bento da Maia, Tratado Completo de Cozinha e de Copa,
 edição de 1904, pág.666-668
 
Chocolate
O produto que se encontra no comércio com o nome de chocolate e com o qual se prepara a bebida agradável e substancial que em nossas casas toma este nome, obtém-se misturando o cacau torrado e moído com cerca de igual peso de açúcar e com substâncias aromáticas, tais como a canela e a baunilha.
O cacauseiro é uma planta de origem americana, que actualmente se cultiva muito nas nossas colónias próximas do equador e que mereceu aos botânicos o nome de alimento dos deuses, theobroma.
A nossa gravura representa um ramo de cacauseiro com os respectivos frutos.
O cacau avisinha-se do café e do chá por um alcalóide análogo na composição à cafeína, mas distingue-se dele principalmente, pela riqueza em albumina e em gordura, o que o torna ao mesmo tempo nutriente e pouco digestível, mas podendo servir exclusivamente de alimento, o que não sucede ao café nem ao chá.
A adição da canela e da baunilha ao cacau na composição do chocolate torna este mais fácil de digerir-se.
O chocolate é objecto de uma larga fabricação em Espanha e em França; entre nós também se fabrica, mas em pequena quantidade.
O modo de apresentar o chocolate comum é em uma espécie de ladrilhos, cada um dos quais tem cortes cruzados, profundos, separando bocados que devem corresponder, cada um, a uma chávena da bebida a que chamamos chocolate.
Estes ladrinhos, chamemos-lhes assim, são cobertos por uma folha de papel de estanho e depois envolvidos em papel comum. Este resguardo tem toda a razão de ser, porque o chocolate, se estiver exposto ao ar, perde o aroma e corrompe-se.
Muita gente confunde o chocolate bom com o ordinário assim como confunde também o café e o chá.
Assim como reputam bom café ou bom chá aqueles que dão uma bebida muito carregada em côr, também apreciam os chocolates que diluídos na água ou no leite dão um polme muito grosso.
Os chocolates que dão estes polmes grossos são falsificados com farinhas.
O bom chocolate deve apresentar os seguintes caractéres:
1º - Ser untuoso.
2º - Ter um cheiro pronunciado a cacau.
3º - Apresentar uma fractura lisa.
4º - Cozido em água ou em leite, só deve adquirir uma consistência fraca.
 
[Chocolate - Bebida]
 
O modo mais usado de preparar o chocolate (bebida) consiste em deitar tantos bocados quantas as chicaras, cada um deles partidos noutros bocados mais pequenos, num pouco de leite, depois, deitá-los numa chocolateira, vasilha de cobre estanhado ou de folha de Flandres com tampa furada ao meio, por cujo buraco passa o cabo duma batedeira a que se dá à mão movimento rotatório, tendo posto a vasilha sobre lume forte, com a quantidade de água ou de leite correspondente ao número de chávenas que se querem servir.
Quando o chocolate espuma, está pronto para servir-se.
Algumas pessoas temperam ainda o chocolate com mais açúcar e outras juntam-lhe gemas de ovos, para tomar o alimento mais substancial.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Melindres à Maria Matos

Guia da Doceira em sua casa dedicado aos Artistas do Teatro Português,
de Maria Margarida (pseud. Bernardino Alves Lopes ?), [1934], Cartaxo, Tip. Treze, pág. 43
 
 
Melindres à Maria Matos
 
Batem-se 8 gemas e 2 claras com 500 grs. de açúcar branco a formar castelo, em seguida leva a farinha suficiente para fazer uns bolinhos redondos, tendidos com a colher, com a massa branda, indo em seguida em tabuleiros untados com banha de porco ao forno pouco forte.
 
  Maria Matos


De seu nome completo Maria da Conceição de Matos Ferreira da Silva (Lisboa/29.09.1886-19.09.1952/Lisboa), desenvolveu uma notável carreira enquanto atriz, escritora dramática e professora.

 Casa onde nasceu Maria Matos, em ruína completa, 
na Calçada Engenheiro Miguel Pais, 22, em Lisboa

Estudou  Piano, Canto e Arte Dramática no Real Conservatório de Lisboa, fazendo exame final com a peça Rosas de Todo Ano escrita para ela por Júlio Dantas e, concluiu o seu curso de teatro com o 1º Prémio da Arte de Representar, em 1907. Nesse mesmo ano estreou-se no palco do Teatro D. Maria II, na peça Judas e logo no ano seguinte tornou-se «societária» daquele palco com Eduardo Brazão, Ferreira da Silva e Adelina Abranches. Em 1912, mudou-se para a companhia de Lucinda Simões, no Teatro Ginásio e, para a comédia. Casou com o ator Francisco Mendonça de Carvalho em 1913, com quem fundou a empresa teatral Maria Matos – Mendonça de Carvalho, e com teve uma filha, Maria Helena Matos, que também viria a ser atriz e,  foi nessa companhia do casal que interpretou centenas de obras, especialmente do género farsa, e assim se tornou um verdadeiro ídolo das plateias onde estiveram sediados, primeiro no Teatro Ginásio e depois, no Avenida. Para além de digressões pelo país e Brasil, Maria Matos também subiu aos palcos alfacinhas do Teatro Apolo, Variedades, Politeama e Trindade.
Esta mulher do teatro também sentiu necessidade de ser ela a escrever as próprias peças a levar à cena como Escola de Mulheres (1937), Direitos de Coração (1937), A Tia Engrácia (1936), para além de ser autora de outra obra – Dizeres de Amor e Saudade (1935). Postumamente, foram ainda publicadas As Memórias da Actriz Maria Matos (1955).
Maria Matos, a partir de 1940 foi também professora do Conservatório Nacional de Lisboa nas cadeiras de Estética Teatral e de Arte de Dizer, até ao ano de 1945 em que se demitiu.
Maria Matos ficou também célebre no cinema, em filmes como O Costa do Castelo (1943), A Menina da Rádio e  Um Homem às Direitas (ambos em 1944) ou As Pupilas do Senhor Reitor (1935) , a Varanda dos Rouxinóis (1939) ou ainda, A Morgadinha dos Canaviais  e Heróis do Mar (ambos em 1949).
Foi ainda agraciada com um louvor publicado no Diário do Governo pelos serviços prestados ao Teatro (1915), o Hábito de Santiago da Espada (1934) e, em 22 de 0utubro de 1969, abriu em Lisboa o Teatro com o seu nome.

As mais visitadas são: