quinta-feira, 21 de abril de 2016

Rainha Isabel II nos Paços do Concelho e o Mistério de Santa Clara (Doce das Freiras de Santa Clara e Pastéis de Santa Clara)

E eis que a Rainha Isabel II chegou aos Paços do Concelho de Lisboa para um belo almoço oferecido pelo município. Nas imagens seguintes podemos admirar o aparato para o almoço no Salão Nobre dos Paços do Concelho, a descrição do almoço publicada na Revista Municipal - onde se descreve a ementa oferecida - e, no fim, duas receitas ligadas a Santa Clara. Como poderão ver no texto, a sobremesa oferecida no almoço foram Doces de Santa Clara. Ora, pesquisando nos livros de cozinha que tenho, dos mais antigos aos mais recentes, encontrei apenas dois doces com a indicação de Santa Clara: Os famosos Pastéis de Santa Clara e o Doce das Freiras de Santa Clara. Terá sido algum deste o oferecido à Rainha? Existirão outros Doces de Santa Clara? Não sei... e nem importa. Fica a intenção e o pretexto para a publicação de mais duas receitas de doces. Espero que gostem.

Revista Municipal, nº 72, 1ª Trimestre de 1957
Revista Municipal, nº 72, 1ª Trimestre de 1957
Revista Municipal, nº 72, 1ª Trimestre de 1957

 Em Banho-Manel: Comeres e Beberes, Manuel Luís Goucha 
2003, Publicações Dom Quixote, págs. 224-225


Doce das Freiras de Santa Clara

750 g. de açúcar
12 gemas de ovo
300 g. de doce de chila
50 g. de cidrão
50 g. de casca de laranja cristalizada
50 g. de cerejas cristalizadas
150 g. de pão-de-ló
2 colheres (sopa) de água de flor de laranjeira
125 g. de miolo de amêndoa
canela

Leve o açúcar ao lume com metade do seu peso de água. Deixe ferver um pouco e quando começar a ter um ponto fraco junte-lhe a água de flor de laranjeira. Retire do lume e ensope nesta calda as fatias de pão-de-ló. Coloque as fatias de pão-de-ló ensopadas numa travessa. Volte a levar o açúcar ao lume e deixe ferver até atingir ponto de fio. Junta-se, em seguida, o cidrão, a casca de laranja, as cerejas, tudo cortado em bocadinhos, e a chila. Deixe levantar fervura. Adicione a amêndoa ralada. Retire do lume e vá juntando as gemas, uma a uma, mexendo sempre para não coalharem. De novo em lume brando deixe engrossar mexendo com uma colher de pau. Vaze este creme por cima das fatias, de modo a ficarem bem cobertas. Polvilhe com canela.
 

 Cozinha Apetitosa e Acessível, de Carlota Alves da Guerra, pág. 151

Pastéis de Santa Clara
 (especialidade de Coimbra)

Porções: Massa: 250 gr. de farinha; 125 gr. de manteiga vaqueiro.
Recheio: 250 gr. de açúcar; 1,5 dl. de água; 130 gr. de amêndoas; 9 gemas.

Massa: Peneire a farinha sobre a pedra da mesa e faça-lhe uma cova no centro. Dentro da cova deite a manteiga em pedacinhos e amasse com a ajuda da água fria. Estenda a massa com o rolo e corte-a em rodelas com um corta-bolachas. No meio de cada rodela coloque um montinho de recheio e dobre a massa de maneira a formar meia-lua. Pincele os pastéis com gema de ovo e polvilhe-os com açúcar pilé. Leve ao forno a cozer.

Recheio: Leve o açúcar com a água ao lume até obter ponto de cabelo (32º baumé). Adicione às amêndoas previamente peladas e raladas as gemas batidas e deixe cozer até formar ponte de estrada (37º baumé).

Entretanto, o Dicionário Prático da Cozinha Portuguesa e o Vocabulário Gastronómico Do Comer e do Falar Tudo Vai do Começar vieram baralhar as coisas.

Assim por alto, Virgílio Gomes enumera, com o nome de Santa Clara o seguinte:
- Encharcada do Convento de Santa Clara (Évora) e Pastéis de Santa Clara de Coimbra, Pastéis de Santa Clara de Vila Real e Pastéis de Santa Clara do Convento da Esperança de Beja... e se calhar há mais, mas só me deparei com estes.

Ana Marques Pereira e Maria da Graça Pericão, por seu turno, chamam Pastéis de Coimbra aos Pasteis especialidade do Convento de Santa Clara e referem como sendo Pastel de Santa Clara um pastel folhado com creme, especialidade do Convento de Santa Clara do Porto.

Está lançado o pânico... 

HAPPY 90º BIRTHDAY QUEEN ELIZABETH II

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